terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Relógios Citizen e a sua Hístória


Os relógios Citizen têm as suas raízes na antiga empresa Shokosha Watch Research Institute, fundada em Tóquio, no Japão, em 1918. Um dos maiores produtores mundiais de relógios, adoptou a sua actual designação em 1930 ao tornar-se a Citizen Watch Company.


Foi apenas seis anos depois da sua fundação que a empresa produziu o seu primeiro relógio de bolso. O sucesso do modelo, baptizado de “Citizen” e lançado em 1924, foi um bom augúrio e a empresa altera a sua designação para Citizen Watch Company em 1930. No ano seguinte, a Citizen mostra ao mundo o seu primeiro relógio de pulso.


Em 1956 é lançado o “Parashock”, o primeiro relógio anti-choque a sair do Japão e que impulsionou uma série de testes radicais para testar e melhorar a performance dos relógios Citizen. Em 1959, segue-se o “Parawater”, o primeiro relógio japonês resistente à água. Em 1960, a empresa faz história no país com o lançamento do “Citizen Shine”, um relógio para cegos que foi doado à Escola para Cegos de Nagoya. Em 1963, realizaram um teste trans-pacífico com o relógio “Parawater” e, no ano seguinte, foi criado o Instituto de Pesquisa Técnica. Em 1966, a Citizen lançou o “X-8”, o primeiro relógio electrónico japonês.


A pesquisa, os ensaios e os avanços continuam e, em 1971, a empresa funda a Divisão de Precisão Mecânica que, em 1973, apresenta o relógio de quartzo “Citizen” e inicia a produção deste tipo de timepiece em 1976, ano do lançamento da “Solar Cell”, o primeiro relógio analógico do mundo movido a energia solar.


1978 foi um grande ano para a Citizen que, para além de apresentar o “Exceed Gold”, o primeiro relógio de quartzo do mundo cujo movimento tinha uma espessura mais fina do que 1mm. No mesmo ano, a Citizen lançou ainda o “Digi-Ana”, o primeiro relógio de combinação alguma vez produzido no Japão. Em 1982, a Citizen cria o “Professional Diver”, um relógio resistente à água, até 1300 metros de profundidade.


Entre 1983 e 1984, a Citizen dedica-se a outras áreas, com a produção de termómetros electrónicos e de disquetes (produziram as primeiras a circular pelos computadores do mundo inteiro!), mas volta as atenções para os relógios em 1986 quando inicia a sua participação na Basel Fair, na Suíça, a maior feira internacional de joalharia e relojoaria. Nesse mesmo ano, a Citizen torna-se o maior produtor de relógios de pulso (de movimento) no mundo. No ano seguinte faz furor com a apresentação do “Attesa”, um relógio produzido exclusivamente com titânio.


A década de 90 é igualmente rica para a japonesa Citizen que, para além de produzir o primeiro relógio controlado por rádio multi-zona, lança a impressora mais pequena e mais leve do mundo (a "PN60") e apresenta o modelo “The Citizen” que inclui uma garantia de 10 anos. A empresa inicia ainda a distribuição daquele que é hoje um dos seus modelos mais procurados – o relógio “Eco-Drive”, que funciona à base da luz. Em 1999, a Citizen torna-se empresa certificada (ISO 14001).


A viragem do século traz várias novidades para a Citizen que aposta fortemente no design com a criação dos modelos “Campanola” e “Mu”. Para além de transferir a sede de Tóquio para a cidade de Nishitokyo, a empresa continua a impressionar o mundo relojoeiro com os seus avanços tecnológicos, classe e bom gosto. As suas diferentes colecções – Aqualand, Calibre 2100, Calibre 8700, Chronograph, Eco-Drive, Minute Repeater, Nighthawk, Naútica, Professional Diver, Promaster e Radio Control – oferecem timepieces que vão dos €150 aos €700.


Sempre com um papel social muito activo, a Citizen tem estado ligada a muitos eventos importantes, incluindo maratonas, o America's Cup, a Expo 2005 e é o relógio oficial da US Open Tennis Grand Slam

domingo, 26 de dezembro de 2010

Relógios

Desde os primitivos relógios de sol até os modernos relógios atômicos, o homem sempre usou sua engenhosidade para criar instrumentos que lhe permitissem acompanhar a passagem do tempo.
Relógio é uma máquina destinada a medir o tempo, na qual um mecanismo que proporciona movimentos a intervalos regulares se liga a um dispositivo contador auxiliar a fim de registrar o número de movimentos.Em geral se utilizam os relógios para determinar o tempo astronômico, que, dividido em horas, minutos e segundos, fixa o ritmo da vida cotidiana.O conceito de relógio se estende, contudo, a medidas de tempos relativos, de especial importância nos equipamentos de comunicação eletrônica, em que é fundamental a incorporação de relógios sincronizados capazes de registrar os instantes de emissão e recepção das mensagens.
Os tipos mais comuns de relógios se constituem de três partes: motor, balancim (ou regulador) e escapo.
A força motriz, nesses relógios, é fornecida por uma mola enrolada, feita de aço temperado. O balancim regulariza o movimento médio, e o escapo é um órgão intermediário que torna recíproca a ação do regulador e do motor.


A Importância do Relógio

Desde que foi criado, na segunda metade do séculos XIX, o relógio de pulso é muito mais do que um acessório para ajudar seu proprietário a chegar nos compromissos na hora certa, ele serve para dar um charme todo especial a determinados looks, ajudar a mostrar o estilo pessoal de cada um e até mesmo para dar status e elegância. Além disso, é um dos únicos acessórios usados pelos homens.


Dia desses estava conversando com um amigo, que tem uma coleção de relógios que vai dos mais clássicos aos mais modernos, e ele disse algo que faz muito sentido: “os relógios são para os homens como os sapatos são para as mulheres”.


É claro que as mulheres gostam de relógios (assim como os homens também gostam de sapatos), mas na maioria dos casos um modelo mais esportivo e outro mais sofisticado, já são suficientes.
 Agora, para os homens antenados, o dia-a-dia pede muito mais opções (como no caso da paixão das mulheres pelos sapatos).


Com certeza, a vaidade masculina é importante. Mas também é claro que tem que ser na medida certa, para não perder a masculinidade, por isso, o relógio é um ótima opção que, além disso, pode ser adaptar a qualquer estilo de homem já que não faltam diferentes modelos para as mais diferentes personalidades.


As marcas famosas, já perceberam o tamanho da paixão que os relógios podem causar há algum tempo, por isso, cada dia que passa surgem novas criações, cada vez mais modernas. Os novos modelos procuram agradar gostos variados, juntando praticidade ao estilo do homem moderno. Há modelos para quem busca apenas elegância e aos esportistas em geral, como mergulhadores, aviadores, pilotos e até jogadores de golfe e de tênis.


Alguns relógios são considerados verdadeiras jóias e podem custar mais do que um carro, porém, quem não tem dinheiro para gastar (ou não quer gastar) com esse tipo de extravagância, pode procurar modelos com preços mais acessíveis, já que existem relógios estão disponíveis para todos os bolsos.
Na hora de escolher o seu, o importante é lembrar que o relógio deve marcar não somente as horas, mas também quem você é.

domingo, 3 de outubro de 2010

Os Top 10 melhores relógios do mundo

1: Relógio Banker Chronograph (Franck Muller)
Este relógio no estilo cronógrafo possui pulseira de crocodilo preta, caixa em aço escovado e cronógrafos em mármore. Custa em torno de 20.000 dólares.
2: Relógio Master Geographic (Jaeger-Le Coultre)
Desenhado pelo celebrado joalheiro Jaeger Le Coultre, este refinado relógio vem com caixa em outro branco polido e pulseira de crocodilo marrom. Custa em torno de 15.000 dólares.


3: Relógio Rolex Daytona
Conhecida mundialmente, a Rolex dispensa apresentações. Esse relógio masculino também possui pulseira em couro de crocodilo, estilo cronógrafo com fundo em cor de pérola combinando com o marrom claro da pulseira. 19.000 dólares


4: Relógio Vacheron Constantin Malte Dual Time Regulator Watch
Este relógio possui caixa em aço polido proporcionando um bonito contraste com a pulseira em couro totalmente preta, certamente fica bem em qualquer ocasião. Preço em torno de 20.000 dólares


5: Relógio Instrumento (De Grisogono)
O formato retangular desse relógio transmite muita sofisticação, com seu fundo preto e galvazinado, com caixa em aço da melhor qualidade. Custa em torno de 10.000 dólares


6: Relógio Royal Oak Offshore (Audemars Piguet)
Com seu formato octagonal único, esse relógio vem com caixa em titânio com uma aparência mais esportista, com detalhes de parafusos expostos, por ser leve é ideal para quem está sempre em movimento. O preço gira em torno de 20.000 dólares.


7: Relógio 5-Time Zone (Jacob & Co.)
Celebridades como David Beckham e Naomi Campbell possuem um modelo desse relógio de pulso. Fundo bem colorido e aro com diamantes, ideal para quem gosta de brilhar :-) - Custa em torno de 10.000 dólares;


8: Relógio Bulgari Diagono Sport Watch
Caixa feita com aço da mais alta qualidade, esse relógio possui linhas fortes e poucos detalhes. A pulseira em couro preta e o fundo branco proporcionam um bom contraste com a cor do aço. Aproximadamente 15.000 dólares


9: Hampton Milleis (Baume & Mercier)
Outro relógio de pulso em formato retangular, esse modelo possui linhas clássicas, ideal para quem gosta de sofisticação. O preço fica em torno de 5.000 dólares.


10: Relógio Cartier Pasha
Modelo estilo cronógrafo, mais esportista, com caixa um pouco menor que os outros modelos de cronógrafos, possui pulseira também em aço polido, é um modelo bem discreto.

História do Relógio

A idéia do relógio surgiu desde o início da humanidade. Era dia, era noite, e isso indicava a hora de caçar ou proteger-se. Olhava-se o sol e isso ficava definido. Com a evolução o homem precisou organizar as suas tarefas ao longo do dia. O primeiro relógio, uma simples vara fincada no chão e cuja sombra se deslocava ao comando do sol, não marcava as horas: apenas dividia o dia e era extremamente impreciso. Servia para o gasto, porque naquela época não precisávamos da exatidão de hoje. Com a necessidade de medidas mais seguras, surgiram a clepsidra (o relógio a base de água) e a ampulheta (a base de areia). Tinham o mesmo princípio: a constância do tempo para escoar uma substância de um local para outro, através de um orifício. Surgiram porque o relógio de sol não funcionava durante a noite ou em dias nublados. As horas ainda não eram marcadas: somente intervalos de tempo. Isso foi mais ou menos em 400 a.C. e começou a existir também formas sofisticadas e artísticas de construir clepsidras e ampulhetas. Como em tudo o mais em que se mete, o homem colocou arte. Ainda no tempo do relógio de sol, alguns deles são de construção rebuscada e verdadeiras jóias.

Relógio de sol - a primeira forma de dividir o dia em partesOs primeiros relógios mecânicos, muito rudimentares, surgiram por volta de 1200 no norte da Europa, na região da atual Alemanha. A divisão do dia em horas só aconteceu quando o astrofísico Galileu Galilei definiu as regras do movimento pendular e sua impressionante regularidade. Isso foi por volta de 1600 e somente uns 100 anos depois é que surgiriam os ponteiros indicadores de minutos. Por essa ocasião, os relógios já eram olhados como jóias e caracterizavam-se pela beleza e riqueza. Como jóias, tinham a característica do artesão e freqüentavam a corte embelezando senhoras e senhores da nobreza, assim como o ambiente dos castelos. Nessa luta para tornar-se senhor do tempo, o homem acabou também por criar uma máquina que o escravizaria. Somos, quase todos, hoje, escravos do relógio.


Relógios de mesa do século XIX - verdadeiras jóias com
mecanismos já sofisticadosSuperado o problema de tecnologia de criar um mecanismo medidor do tempo, o homem sempre partiu para a sofisticação e criação de novas necessidades. Horas precisas não eram mais suficientes; minutos exatos não satisfaziam mais; segundos regulares de pouco valiam. Criamos mecanismos para os décimos, centésimos e milésimos de segundo e frações de tempo tão pequenas que só os cientistas se preocupam com isso. Sem desmerecer a validade desse esforço, prefiro ficar com a beleza e a história dessa maquininha.


Relógios de bolso no século XIX - depois de dominar o tempo,
o homem passou a ser dominado por eleDurante muitos séculos, os relógios rivalizaram com os sinos na demarcação das tarefas da comunidade. Entre os mouros, o muazim anunciava a hora do sol nascer e da primeira oração. Assim se chamavam os homens que subiam na mesquita para avisar a todos com sua voz sagrada. No mundo cristão essa tarefa cabia ao sineiro, que se pendurava na corda para fazer soar enormes sinos nas catedrais. O sino avisava dos incêndios, lamentava a morte, acompanhava os enterros, alegrava as festas da comunidade, os casamentos, nascimento e morte dos reis e príncipes, as festas dos senhores e do Senhor. O som dos sinos alertava a todos nas comunidades e espalhava-se pelos campos levantando as orelhas dos animais. Quando surgiu o relógio, o sino começou paulatinamente a perder essas funções. Hoje, não tem mais a importância que tinha para a comunidade, até porque as comunidades tornaram-se tão grandes que ultrapassaram o limite do seu alcance; permanece como um símbolo medieval.


O Big Ben em Londres e sinos de uma catedral - serviços para toda uma
comunidadeOs famosos relógios suíços tiveram origem em Genebra, por volta do século XVI e um nome é registrado como o iniciador de tudo: Daniel Jeanrichard. A indústria relojoeira evoluiu rapidamente e tornou-se um marco naquele pais, tanto pelo designer como pela tecnologia de precisão. Com o advento dos relógios de quartzo, os suíços perderam a hegemonia mundial e nunca mais a recuperaram. Os relógios de quartzo são muito mais baratos e precisos do que os relógios mecânicos. No entanto, alguns relógios desse tipo são altamente valorizados pelos amantes da arte e da relojoaria. Mecanismos extremamente complexos com mais de setecentas peças e um custo de aproximadamente um quarto de milhão de dólares não podem competir em precisão e praticidade com os modernos relógios, mas continuam sendo motivo de orgulho para os fabricantes e para os raros proprietários, encarados como jóias exclusivas.


Um anel com aproximadamente 150 anos e o moderno designer de hoje - jóiasMedir o tempo com precisão foi um desafio, por longos séculos, que sempre fascinou a humanidade. Quando os pêndulos pareciam haver resolvido o problema de se medir horas exatas, novos desafios surgiram. Considerando que vivíamos então uma época de navegação imprecisa, como medir o tempo a bordo dos navios, onde o movimento pendular era fundamentalmente comprometido com o balanço dos navios? Isso pode parecer simples hoje para qualquer criança com um relógio com a figurinha do Pato Donald no pulso mas, as academias de ciência e os governos ofereciam prêmios a quem resolvesse esse problema. Enfim, essa coisinha corriqueira, que é um relógio, é o resultado e enormes desafios vencidos ao longo da história do homem.


Medindo o tempo com jóias sofisticadas - tecnologia superada, mas uma
arte que se perpetuaFilipe III da Espanha e Filipe II de Portugal (que eram a mesma pessoa), assim como Luis XIV, da França, ofereceram verdadeiras fortunas a quem apresentasse uma fórmula de medir o tempo com exatidão a bordo dos navios. Isso era extremamente importante para se calcular a exata posição dos navios e evitar perigos e mesmo chegar onde se pretendia. Em 1714, a Inglaterra perdeu uma esquadra inteira por um erro de cálculo da longitude devido a tempos avaliados erradamente. O parlamento inglês ofereceu 20000 libras de prêmio a quem resolvesse o problema.

O vencedor foi um carinha chamado John Harrison (1693-1776), que inventou um mecanismo que, sinceramente, acho difícil de explicar aqui e creio que não interessa muito ao assunto de arte. Em uma viagem pelo mar, de nove semanas, o relógio de Harrison atrasou cinco segundos. Na época, isso foi fenomenal. Ao final, indicarei alguns endereços onde isso pode ser visto com mais detalhes técnicos - andei lendo um livro sobre esse desafio de construir um relógio que funcionasse a bordo dos navios e confesso que parei no meio porque não consegui compreender sequer qual era exatamente o problema e muito menos a solução. É interessante para quem gosta de física, astronomia... dessas coisas!



Medir o tempo e exercer a arte - atividades muito antigas, mas a arte chegou
primeiroComo jóia, o relógio tem uma posição de destaque. Freqüentemente, o mecanismo e a função de marcar o tempo tem se tornado secundária. Desejava-se o adorno, a jóia, como uma coroa ou gargantilha - o relógio era só a desculpa. Relógios, tanto os de mesa como os de uso pessoal, foram fabricados das mais diferentes maneiras para adorno dos ricos e das suas casas. Até mesmo de cidades, como é o caso do Big Ben em Londres. Esse relógio, com quatro faces, começou a funcionar desde 31 de maio de 1859: o ponteiro dos minutos tem 4 metros de comprimento.


Sofisticado relógio com 700 peças e alto custo e modernos relógios
de quartzo, precisos e baratosA divisão das horas em 60 minutos de 60 segundos pode ter resultado do sistema sexagesimal usado na antiga Babilônia e que depois foi usado no Egito. Eles dividiam o círculo em 360 graus e tudo girava em torno dessa forma de medir, acabando por interferir na nossa medida de horas.


O antigo e o moderno - o tempo não pára!O relógio de pulso tem uma história bastante interessante que envolve um brasileiro famoso: Santos Dumont vivia sujando a roupa ao tirar o relógio do bolso, com as mãos manchadas de óleo enquanto trabalhava nos seus modelos de aviões. Para evitar esse contratempo, pediu a seu amigo Cartier que fabricasse um relógio que pudesse ser acomodado no pulso, e esse foi o primeiro relógio de pulso fabricado na França e chegou a ser chamado de Santos Watch. O relógio de pulso já era conhecido, mas raramente usado: o exército inglês havia encomendado 1500 relógios a um fabricante suíço para colocar no pulso de militares, considerando que seriam mais úteis assim, durante a batalha. Mas foi depois do episódio com Santos Dumont que Cartier passou a fabricar relógios de pulso, criou fama como fabricante de relógios e difusor da nova moda por todo o mundo.

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domingo, 5 de setembro de 2010

Relógios Mecânicos

O relógio mecânico



Conheça nesta edição o funcionamento básico de um relógio mecânico e seus elementos e peças mais importantes.

por Adriano R. Passarelli
Abril/2005

Artigo publicado na revista Pulso n°38 de Mai/Jun 2005 -->

O movimento de um relógio mecânico a corda manual

O relógio mecânico, como o próprio nome sugere, é o relógio que funciona mecanicamente, tanto na geração da energia que o move como na maneira como essa energia é transportada e usada. Desse modo, basicamente, o relógio mecânico se caracteriza pelo uso de uma corda, que gera a energia motriz; uma série de engrenagens, que transportam essa energia; e um elemento que controla a passagem do tempo. Todo relógio mecânico de pulso compartilha os mesmos elementos básicos. O primeiro deles é a corda. O segundo, o trem de engrenagens. No linguajar técnico, chamamos as engrenagens de rodas. O terceiro e último elemento básico é o escapamento, que é o órgão regulador, ou seja, aquele que efetivamente marca o tempo. O escapamento é a parte do relógio que envolve maior precisão, maior complexidade — e é também uma parte extremamente delicada.

Dentro da categoria dos mecânicos, encontramos dois tipos de relógios mecânicos de pulso: o relógio a corda manual, e o automático (também chamado de corda automática). O relógio a corda manual é aquele que precisamos dar corda periodicamente (normalmente todos os dias), por meio da coroa, para que ele permaneça funcionando. Já o relógio automático é aquele cuja corda é dada automaticamente com o movimento do nosso pulso, por meio de um sistema que se utiliza de um peso que chamamos de massa oscilante ou rotor. Essa massa oscilante, pelo efeito da gravidade, tende a se manter parada, ou quase, enquanto o relógio se move com o nosso pulso. Esse movimento é transferido para a corda por meio de um grupo de engrenagens. Desse modo, a corda será constantemente carregada enquanto o relógio estiver em uso, não sendo necessário dar corda nele manualmente. Existe uma série de diferentes sistemas de carregamento automático que transfere esses movimentos do rotor para a corda, desde alguns bem simples até outros bastantes complexos. Esse tema será discutido em detalhes nas próximas edições.


Portanto, percebe-se que o relógio automático nada mais é que um relógio a corda comum, porém com um sistema que carrega sua corda por meio do movimento do nosso pulso. Apesar disso, a grande maioria dos relógios automáticos possui um sistema auxiliar de corda pela coroa. É importante lembrar que esse sistema é auxiliar, não tendo sido projetado para ser usado todos os dias, como num relógio a corda manual. Nos automáticos, esse sistema deve ser usado quando se pega o relógio completamente parado, aí sim, dá-se corda total pela coroa. Então, basta colocá-lo no pulso e usá-lo normalmente. O movimento do seu pulso se encarregará de carregá-lo constantemente.
O movimento de um relógio mecânico automático


O movimento e os rubis

Movimento é um dos termos que usamos para designar a máquina do relógio. Outro termo comum, mais usado tecnicamente, é calibre. Tal expressão surgiu porque, muito antigamente, os movimentos recebiam nomes que na verdade eram o seu diâmetro, expresso em linhas. Linha é uma antiga unidade de medida francesa que corresponde a 2,56 mm (mais exatamente, 2,255829 mm). Os movimentos recebiam nomes como 18’’’ (dezoito linhas), 12 ½’’’ (doze linhas e meia) etc. Essa medida ainda é bastante usada, especialmente pela indústria relojoeira suíça, embora raramente se use nomes de calibres baseados em seu diâmetro hoje em dia. Hoje é comum usar nomes normalmente baseados em números, com significado próprio, que normalmente só faz sentido para o próprio fabricante. No entanto, é comum que eles evoluam numérica e analogicamente de acordo com melhorias, modificações etc. Por exemplo, a ETA usa o nome 2824 para um dos seus calibres mais comuns, tendo também o calibre 2836, que é um “parente” do 2824 com algumas modificações e adições. Portanto, esse padrão de parentescos na nomenclatura é adotado pela maioria das indústrias nas mais diferentes partes do mundo.


O chassi do movimento do relógio é chamado de platina, ou mais especificamente, de platina principal. Nela vão parafusadas as pontes. O trem de rodagem fica de um lado da platina, que costumamos chamar de “frente” (apesar de, no relógio, este lado ficar virado para o fundo da caixa). Normalmente, do outro lado (o do mostrador), fica o sistema que comanda os estágios da coroa e o acerto dos ponteiros. Este sistema também é chamado de keyless.

Tanto a platina como as pontes recebem rubis, cuja finalidade é funcionar como mancais para os eixos das engrenagens, reduzindo o seu atrito e desgaste. Os rubis usados nos relógios são sintéticos, pois os naturais possuem imperfeições e porosidades que não são adequadas para o uso nos relógios. A superfície lisa do rubi reduz bastante o atrito nos pivôs (as pontas) dos eixos das engrenagens, bem como o desgaste nesses mancais, uma vez que são pedras extremamente duras. O rubi tem exatamente a mesma composição básica da safira. Na verdade, rubi e safira são a mesma pedra, mas com nomes diferentes por causa de sua coloração diferente. O rubi e a safira são os dois tipos de pedras que formam o grupo mineral dos corindon, sendo compostas, basicamente, de alumínio, na forma de óxido de alumínio (Al2O3), além de outros elementos em pequenas quantidades. Esses elementos é que conferem as cores características dessas pedras: o óxido de cromo é o responsável pela cor vermelha do rubi, enquanto o titânio e o ferro, além de outras substâncias, conferem diversas cores à safira, que pode ser encontrada em tons de verde, azul, rosa, laranja, amarelo, incolor etc. Sua dureza é 9 na escala Mohs (tanto o rubi como a safira), sendo 10 o diamante (escala que vai de 1 a 10). Embora incomum, usa-se também safira em vez de rubis nos relógios.


Vista explodida do lado da rodagem, com o nome das peças de um movimento a corda manual


Ao contrário do que se pensa, o número de rubis não atesta a qualidade de um movimento. Talvez ateste sua complexidade, mas definitivamente não sua qualidade. Durante as décadas de 1950 e 1960, empresas tiravam proveito desse pensamento adicionando rubis não-funcionais aos pontos mais inusitados do movimento, como na massa do rotor, no suporte do calendário, e em outros lugares, aumentando consideravelmente o número de rubis declarado no mostrador. Na década de 1970 surgiu uma norma ISO regulamentando o uso de rubis, proibindo que pedras não-funcionais fossem contadas. No entanto, a norma permite qualquer rubi que tenha funcionalidade, independentemente da questionabilidade de sua função. Assim, algumas marcas até hoje tiram proveito disso para usar rubis em pontos que, apesar de funcionais, têm uma discutível utilidade real. Não cabe à norma discutir essa utilidade, pois somente o fabricante que projetou aquele movimento pode julgá-la. Por isso, alguns relógios possuem mais rubis do que seria tecnicamente necessário — e como vimos, o número de rubis não declara, por si só, a qualidade de um movimento. Atualmente, usam-se rubis em quase todas as partes que sofrem atrito, por isso o número elevado de rubis em movimentos mais complexos, como cronógrafos. Mas também é necessário bom senso para tratar do assunto. Os movimentos atualmente usam, em média, algo entre 17 e 25 rubis. No geral, o mínimo aceitável para um movimento simples (a corda manual) de qualidade é entre 15 e 17 rubis. O escapamento tradicional, sozinho, necessita de 7 rubis. Porém, em raras ocasiões, é aceitável um número menor de rubis, em especial quando há necessidade de barateamento, e quando a durabilidade não é uma questão, como em movimentos para relógios militares. É comum movimentos de 7 rubis nesses casos, sendo as pedras utilizadas apenas para o escapamento, não para as rodas.




Vista explodida do lado do mostrador, mostrando o
sistema de acerto dos ponteiros e estágios da coroa





A corda


A corda do relógio é basicamente uma mola na forma de uma espiral que, ao ser enrolada, se deforma e armazena energia. E essa mola, quando enrolada, tentará liberar a energia armazenada para retornar à sua forma original, graças à característica elástica do material com o qual é fabricada. O sistema de corda é composto pelo tambor de corda, a mola em espiral (a corda em si) e um eixo no centro do tambor, chamado árvore. (Imagem 7) O tambor de corda é a peça que contém a mola de corda. A corda tem uma extremidade presa na parede interna do tambor e outra extremidade fixada na árvore. Quando se dá corda no relógio, essa mola é enrolada ainda mais, girando-se a árvore e enrolando a corda em volta dela. Isso gera uma tensão cuja liberação é exatamente a energia motriz do relógio. Existe uma pequena diferença entre a corda de um relógio a corda manual e um relógio automático. No relógio a corda manual, uma das extremidades é realmente fixa na parede interna do tambor. É fácil perceber isso, pois, ao se dar corda nesse tipo de relógio, chega um momento que ele não aceita mais corda: esse é o ponto em que a corda está na sua tensão máxima e não tem mais como ser enrolada, por conta da sua fixação no tambor. Nesse momento, consideramos a corda como estando completamente “cheia” e com o máximo de sua energia armazenada. Se prosseguirmos com o ato de dar corda, corremos o risco de danificar o relógio, e até mesmo de romper a corda.



O mesmo não acontece com os automáticos. Como ele está sujeito a ser carregado constantemente, sem o nosso controle, a corda não pode ter um limite de carregamento. Por isso o ponto de contato entre a corda e o tambor não é totalmente fixo. Esse contato é feito por meio de uma brida deslizante. Apesar de ficar em grande atrito com a parede do tambor, quando atingido o limite de tensão da corda, a brida simplesmente desliza, aliviando a tensão na corda o suficiente, a fim de evitar sua quebra. O atrito da brida com a parede do tambor tem de ser bem calculado, de modo que permita que a corda possa ser completamente enrolada sem que a brida deslize antes disso, mas também que deslize antes de a corda atingir o limite de sua resistência mecânica. Por causa desse dispositivo, pode-se usar um relógio automático sem o risco de carregar excessivamente a corda. Nota-se isso quando se dá corda pela coroa nesse tipo de relógio, pois por mais que se gire a coroa, a corda nunca chega ao fim, graças à ação da brida deslizante.


Uma peça importante que faz parte do sistema de carga é o clique (ou clic). Sua função é fazer que a corda seja enrolada e mantenha-se assim, sem voltar. Isso se dá bloqueando a rachet, uma engrenagem que é conectada à árvore. Quando se dá corda, quem gira é a árvore, não o tambor, para que a corda se enrole em volta dela. Agora, para que ela não desenrole, o clique bloqueia o movimento da rachet, como uma catraca, por isso o som característico de quando damos corda num relógio. E assim, depois de dada a corda, é o tambor que girará para desenrolá-la, enquanto a árvore permanecerá parada. É uma peça simples e pequena, mas que sem ela o relógio simplesmente não funcionaria.


O tambor possui dentes que propelem a primeira roda do trem de engrenagens. Na verdade, ele é considerado a primeira engrenagem do sistema, e também é a que gira mais lentamente, dando em média uma volta completa em 6 horas. A duração da corda de um relógio de pulso é de 40 a 50 horas, variando bastante de marca para marca, de calibre para calibre.






O trem de rodagem


O trem de rodagem possui várias funções. A principal delas é transmitir a força da corda para o escapamento. Uma roda completa é composta por uma engrenagem, um pinhão e um eixo. Normalmente o pinhão recebe a força da roda anterior, e a engrenagem transmite a força para o pinhão da roda seguinte, no sentido do caminho das forças.


Em teoria, o tambor de corda poderia se conectar diretamente, mas a diferença de velocidade de giro entre a roda de escape e o tambor é tão grande que necessitaria de um tambor grande com muitos dentes. Além disso, as engrenagens também se conectam com os ponteiros. Por isso é necessário um trem de engrenagens: para multiplicar a velocidade de giro e fazer que elas girem em velocidades diferentes — algumas, com uma velocidade bem específica. O número de dentes das rodas e seus pinhões são calculados para que permitam o giro dos ponteiros na velocidade correta. A rodagem básica é composta pela roda de centro, bem como pela terceira e quarta rodas (está última também chamada de roda dos segundos). A roda de centro recebe esse nome por estar exatamente no centro do movimento. Ela possui um eixo que atravessa a platina (para o lado do mostrador) para que possa se conectar com o ponteiro dos minutos por meio de uma peça chamada chaussée, encaixada no eixo da roda de centro. Essa roda também tem a função de propelir uma outra engrenagem, chamada roda dos minutos, que, reduzindo a velocidade, impulsiona a roda das horas, onde vai encaixado o ponteiro das horas. Como a roda de centro se conecta diretamente com o ponteiro dos minutos, ela precisa dar uma volta completa a cada 60 minutos. No momento de se ajustar as horas, para que os ponteiros do relógio possam ser girados sem que o influa no funcionamento do relógio, a chaussée é sempre deslizante. Seu atrito com o eixo da roda de centro mantém as peças conectadas e girando juntas, mas o atrito é pequeno para que, ao ajustarmos as horas, ela deslize e permita o giro das rodas dos minutos e das horas de maneira independente do resto do relógio.


Layout de um movimento a corda manual com segundeiro separado



Em alguns casos, a roda de centro não está propriamente no centro, por isso recebe o nome de roda intermediária. Nesse caso, ela propele uma chaussée um pouco diferente, que possui sua própria engrenagem, em vez de ir encaixada no eixo da roda de centro, que continua transportando a força e impulsionando a terceira roda. Esta gira mais rapidamente, e sua função é apenas multiplicar a velocidade entre a roda de centro e a roda seguinte, a quarta roda, também chamada de roda dos segundos. Essa roda recebe esse nome porque se conecta diretamente com o ponteiro dos segundos, esteja ele no centro ou não. Portanto, a quarta roda dá uma volta completa a cada 60 segundos. A posição do ponteiro dos segundos no mostrador altera bastante o layout do trem de rodagem, pois no caso dos relógios de segundos centrais diretos (o ponteiro vai encaixado diretamente no eixo da quarta roda), a quarta roda precisa estar no centro do relógio. Como normalmente a roda de centro também está no centro do movimento, ela precisa ter um eixo vazado, a fim de que o eixo da quarta roda passe por dentro dela, para poder se conectar com o ponteiro no mostrador. Mas há também outro layout para segundos centrais, no caso de segundos centrais indiretos: a quarta roda fica deslocada do centro, impulsionando um eixo com um pinhão (sem redução) no centro do movimento. Esse eixo atravessa o eixo da roda de centro e se conecta com o ponteiro dos segundos. Já no caso de indicadores de segundos separados, que se encontra normalmente em movimentos mais antigos, a quarta roda não fica no centro do movimento, conectando-se diretamente com o ponteiro dos segundos (normalmente na posição 6 horas). A quarta roda, por fim, tem a função de propelir o escapamento.





O escapamento



O escapamento, por ser uma parte complexa e muito técnica do relógio, merece um artigo especial, por isso acompanhem as próximas edições. Sua função, como foi dito, é marcar o tempo controlando a velocidade com que a corda é desenrolada. Se não fosse o escapamento, a corda, quando “cheia”, seria liberada em questão de segundos, com muita velocidade. O escapamento funciona bloqueando e liberando o desenrolar da corda algumas vezes por segundo. O escapamento é composto por três itens básicos: a roda de escape, a âncora e o balanço. A roda de escape possui dentes especialmente desenhados para impulsionar a âncora, que, por sua vez, é desenhada para bloquear os dentes da roda de escape e também receber impulso dela. O balanço é o responsável por controlar a velocidade desse ciclo de bloqueio e liberação. Trata-se de um aro com uma mola bem fina fixado nele. Essa mola é chamada de espiral (também mola-cabelo ou simplesmente cabelo). O balanço é a extremidade do caminho das forças no relógio. A força vinda da corda passa pela roda de centro, terceira roda, quarta roda, roda de escape e âncora, até chegar no balanço e impulsioná-lo. Depois de recebido o impulso, ele gira numa direção até que a força de sua mola o obrigue a voltar e a girar no sentido contrário, desbloqueando a âncora e recebendo outro impulso, até que a mola resista e ele comece a girar no outro sentido de novo. E esse ciclo de vaivém do balanço permanece até que não haja mais energia na corda para impulsioná-lo. Neste ponto, o relógio pára e requer que se dê corda nele novamente, para que volte a funcionar. Durante esse vaivém ocorrem os ciclos de bloqueio e liberação da âncora, controlando a velocidade de giro de toda a rodagem, e a velocidade de liberação da corda, para que marque o tempo corretamente.


Caminho da força no relógio mecânico (em vermelho),
do tambor até o balanço, passando por todo o trem
de rodagem




Todos esses elementos se conectam com extrema precisão, com a única finalidade de marcar o tempo e mostrá-lo através dos ponteiros e do mostrador. Acompanhem as próximas edições para conhecer alguns elementos do relógio mecânico em detalhes.

História do relógio

Os primeiros relógios usados pelas pessoas foram os relógios de bolso. Eram muito raros e tidos como verdadeiras jóias, pois poucos tinham um. Os relógios de bolso eram símbolo da alta aristocracia.





Comenta-se que foi Santos Dumont quem inventou os relógios de pulso. Durante um vôo, estando com as mãos ocupadas, ele tinha dificuldade de tirar seu relógio do bolso.



O relógio de pulso na verdade foi inventado pela empresa Patek Philippe no fim do século XIX, embora seja costume atribuir, erroneamente, a Santos Dumont os louros da invenção desta modalidade de relógio. A Princesa Isabel, então exilada na França, deu a ele uma medalha de São João Batista. Preocupado que o uso da medalha no pescoço pudesse machucá-lo, colocou-a no pulso. Então teve a idéia de amarrar um relógio no pulso para controlar melhor seus tempos de vôo. Santos Dumont encomendou então a seu amigo joalheiro, Louis Cartier, um relógio que ficasse preso ao pulso, para que ele pudesse cronometrar melhor suas experiências aéreas.



Em março de 1904, Cartier apresentou a ele o que é considerado erroneamente o primeiro relógio de pulso do mundo, batizado de Santos, com pulseira de couro. Entretanto, relógios de pulso já eram conhecidos e usados anteriormente. O que acontecia é que eram adereços essencialmente femininos e eram geralmente feitos sob encomenda. Na verdade, a Santos Dumont coube a popularização do relógio de pulso entre os homens. A Primeira Guerra Mundial foi o marco definitivo no uso do relógio de pulso, já que os soldados precisavam de um jeito prático de saber as horas.